Por Netto Ribeiro

A abertura da ExpoRingo em Lagarto ontem (5), consolidou de vez uma característica desprezível e contraditória da classe política lagartense: se é quase impossível unirem-se para resolver os graves problemas da população, como é o caso da precária situação do atendimento médico, o mesmo não ocorre quando o assunto é estar próximo de um empresário milionário e influente como o senhor Geraldo Magela. 

No Parque das Palmeiras, a união é fácil, todos se misturam para irrigar e serem irrigados pelo agronegócio, o que demonstra não só algo pitoresco, mas também, no fundo, uma fraqueza desses representantes… Apesar das honras à produtividade do agro, à força empresarial, grandeza, beleza, riqueza e blá, blá, blá… sabe-se que eles, salvo raríssima exceção, não foram até lá sinalizar positivamente ao setor para gerar desenvolvimento local. A verdade oculta, ou nem tanto, é que foram demonstrar apoio para recebê-lo em troca, ou pelo menos deixar a possibilidade aberta. Com as eleições de 2024 chegando, não se quer ficar mal na fita com o importante e financeiramente ativo Magela. 

É sabido que a ExpoRingo é um grande evento privado que representa uma parcela produtiva da sociedade, mas que abarca um nicho restrito a uma elite econômica que pertence a certo grupo social. O problema está no fato dos políticos abandonarem o que é público em favor do privado, como faz o deputado federal Gustinho Ribeiro (Republicanos) e a sua esposa, a atual prefeita de Lagarto, Hilda Ribeiro (Solidariedade), que encampam a narrativa dissimulada de que a ExpoRingo é a tradicional e sexagenária Exposição de Lagarto. Balela! E esse discurso faz parte da sanha criminosa de tentar dar ares legítimos a algo repugnante, que é a negociação do Parque Paulo Nicolau de Almeida, Patrimônio Histórico-Cultural e espaço original da Exposição.

E não foi Geraldo Magela que retirou a Exposição do povo de Lagarto, mas a postura desse grupo político. A agricultura familiar não é incentivada, isso é possível sentir não só na falta de políticas públicas no município para os pequenos produtores, mas também a partir da análise da fala do deputado Gustinho. Para ele existe o “produtor de grãos”, já a expressão agricultura familiar parece horrorizar as suas mandíbulas – coisa de pobre. À essa altura já pode-se dizer: Gustinho e Hilda sepultaram a Exposição de Lagarto! A ExpoRingo é a ExpoRingo até que Majella assim decida. Para lá, sempre vão os ricos, ela é feita para quem tem dinheiro, não para o povo. E apesar de todos sermos ricos aos olhos de Deus, todos hão de convir que pobre na ExpoRingo é um luxo.