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Dance, de Lieven Soete.

A qualidade da arte caiu?… O mundo agora é líquido. Todos adoram falar nesse conceito. – “As relações são efêmeras hoje.” – Mas certamente, interno, põem-se à parte disso. As mesmas figuras que veneram Bauman renegam o Romantismo, em todas as suas dimensões. Admiro o contraditório na personalidade humana, porém, sinto haver uma espécie, uma nesga de burrice e infantilidade em muitos que levantam a bandeira do desapego como forma de evolução pessoal.

Tem bastante gente chupando gato por lebre, devorando salame como se fosse peru da Normândia. Achando que Catuaba é Vinho – batatas! Falo de emoção, de que o ser humano é feito. Há sentimento raso, não é difícil acreditar. Não há nada mais sensual que as explosões da alma… Se pode ter uma noite de prazer deliciosa, mas isso apenas não é arder… “Erótica é a alma” poetizava Adélia Prado.

Quando duas pessoas se desejam – para ser econômico – é divino, feroz. Mas quando almas se tocam, o mais sutil e formidável encontro não pode ser pago com um bilhão de orgasmos, nem de múltiplos. Porque sexo, se sente, se vê e é só contentamento. Amor não se vê – arde… Fere, e não se sente dor. Deseja tudo de maneira cristã e louca, se morre!… Sexo se quer pagão, é bom e se trai.

A transa é um detalhe do amor, ou é apenas detalhe. Um, pega direto, o outro – pelas curvas. Devagar e preciso com a língua. Gozar por gozar é uma sensação, gozar com amor, uma experiência… Mas todo mundo está correto! Apenas uns preferem a correria – do lado oposto, a truculência.

Netto Ribeiro, dezembro de 2018.